RESUMO
- No romance “ os Maias “ Eça de Queiroz pretende retratar
uma sociedade que existia na segunda metade do século XIX. Ao longo da obra é possível
verificar dois tipos de educação diferentes através de vários personagens.
Podemos falar da educação tradicional recebida por
Euzebiozinho, que se caracterizava pelo uso da cartilha, pelo recurso à memorização,
pelo uso do catecismo e o estudo de línguas mortas como o Latim. Não lhe era
permitido o contacto com a Natureza, era desvalorizado o juízo crítico assim
como a criatividade. Este tipo de educação tornou Euzebiozinho tristonho e
molengão, sem qualquer tipo de vontade própria. O mesmo aconteceu a Pedro da
Maia que, após a morte de sua mãe, por quem era excessivamente protegido, se
sentiu fraco, incapaz de resolver os seus próprios problemas, levando assim com
que atentasse contra a própria vida.
Na educação à inglesa que o avô lhe proporciona, Carlos
Eduardo desenvolve a inteligência através da vivencia experimental, desprezando
o uso da cartilha e do catecismo. Valoriza o estudo de línguas vivas, como o Inglês e o
Francês, a prática de desportos ao ar livre e em contacto com a Natureza, defendendo
a máxima de corpo são, mente sã.
Embora fosse uma educação rígida e metódica, era ao mesmo
tempo uma educação moderna.
Embora Carlos da Maia tenha recebido esta educação, não
invalidou que fosse um “ vencido da vida “, não pela educação que recebeu, mas
pelo meio que o rodeou, uma sociedade de inúteis, desconhecendo o empreendorismo
num País atrasado em relação ao resto da Europa.
Eça de Queiroz faz uma dura crítica e uma profunda análise
social a um país que se recusa a abrir fronteiras a um Novo Mundo, ao
modernismo, ligado ao desenvolvimento.
Predomina um Portugal que copia ridiculamente os
estrangeirismos, um País que só valoriza as grandes capitais europeias, como
Londres e Paris, mas que não toma a iniciativa de ir mais além e que se limita a
copiar, e mal, os seus hábitos e costumes.
Desde os políticos, passando pelos homens de letras, aos
jornalistas, todos eles têm profundas falhas de carácter.
Os políticos e
os jornalistas, são corruptos e ignorantes. Os homens do Desporto nem uma
corrida de cavalos são capazes de organizar, não existe um centro hípico à
medida dos europeus, enquanto a burguesia é incapaz de se comportar como o evento
merece, não se sabe sequer vestir à altura de um acontecimento desta natureza.
Mas “fala-se em Inglês” ao pesar os cavalos, como diz Dâmaso…
O
tédio acompanha Carlos Eduardo, que monta um consultório médico onde lê
revistas à espera de uma clientela que nunca aparece. O tédio acompanha também o
seu grande amigo Ega, que nunca acaba o seu famoso livro “As Memórias de um
Átomo”. Ambos acabam “vencidos da vida”.
No
fim do romance, regressando de Paris, Carlos da Maia encontra o mesmo país que
tinha deixado há 10 anos atrás, quando partira: parado, fracassado, pessimista, incapaz de se adaptar às mudanças
necessárias de um país europeu desenvolvido, um Portugal onde as mentalidades
permanecem agarradas a uma sociedade decadente e derrotada. Um Portugal, também
ele, de tédio e decadência no fim do século.
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